Xangai vive no passado e no futuro. Embora os grandes edifícios coloniais europeus ainda se estendam ao longo da margem ocidental do Huangpu, arquitectos modernos e empreiteiros ousados fizeram aparecer no lado oriental uma floresta de arranha-céus e torres, enquanto enormes guindastes constroem mais. O caminho-de-ferro magnético por cabo, desenvolvido na Alemanha, em breve ligará esta Manhattan chinesa ao novo aeroporto.

 

Ao longo de um milénio, o desenvolvimento de Xangai, que passou de aldeia piscatória a porto de alto mar, foi pacífico. No entanto, no século XIX, o Reino Unido entrou em guerra com a China, que se havia oposto às entregas ilegais de ópio efectuadas pelas casas comerciais inglesas. Em 1842, navios de guerra britânicos deitaram fogo a Xangai, avançaram pelo Yangtsé, até Nanrei, e forçaram os oponentes a capitular. A China não só tinha de permitir a importação de ópio, como também conceder Hong Kong aos Britânicos e garantir direitos de soberania às nações ocidentais sobre parte de Xangai.

 

Daí em diante, enormes fortunas se fizeram com o ópio em Xangai, cujos detentores construíram castelos privados e investiram em casinos, bordéis e antros de fumadores. Porém, ainda mais que o tráfico de drogas, o comércio normal em breve começou também a expandir-se - exportação de seda, algodão e porcelana da China, e importação de maquinaria e aparelhagem doméstica do Ocidente.

 

Britânicos, Americanos, Franceses e Alemães estabeleceram aqui os seus negócios, bancos, hotéis e clubes nocturnos na margem do rio, denominado The Bund. Porém, após a Segunda

 

Guerra Mundial, os estrangeiros perderam as concessões que tinham. Xangai era agora governada a partir de Pequim pelos comunistas - e financeiramente explorada. Pior ainda: entre 1966 e 1976 a cidade foi a base de lançamento da Revolução Cultural de Mão e a economia estagnou. Guardas vermelhos forçaram os engenheiros do porto de Xangai a abandonarem os seus postos, espancando-os e despromovendo-os a empregados de limpeza de latrinas.

 

Quando o bairro de Pudong foi declarado zona económica especial, em 1990, teve início uma nova viragem. Com taxas de crescimento de 17%, Xangai tomou-se na cidade economicamente mais bem sucedida da China e o número de habitantes na zona circundante está também em expansão (em breve atingirá 20 milhões). Ao mesmo tempo, o antigo antro de vício atrai grande afluxo de turistas. A antiga moradia do magnata do ópio Victor Sassoon, agora o Cypress Hotel, é um dos que oferecem o máximo luxo.

 

Uma obrigação para os turistas é visitar os Jardins Yuyuan, planeados em 1559, com as suas cinco paisagens em miniatura. O complexo inclui um pitoresco pavilhão de chá, que pode ser alcançado apenas através de uma ponte em ziguezague com nove curvas. Supostamente, os dragões não a conseguirão passar, porque os espíritos malignos só se movem em linha recta. Espalhados por esta zona estão templos que vale a pena ver, onde budistas, confucianos e seguidores de outras religiões realizam os seus cultos.

 

O conjunto de edifícios coloniais no passeio público na margem do rio continua ainda a ser uma das principais atracções. Tudo o que era considerado arquitectonicamente belo na altura do comércio de ópio está aqui representado, do classicismo, com variantes renascentistas e barrocas, à art deco. O edifício do antigo Turf Club é uma lembrança do modo de vida britânico. Na sua pista de corridas foi construída a Praça do Povo, com o novo Teatro de Xangai, um símbolo da antiga ideia chinesa de um mundo rectangular sob um céu redondo.

 

No bairro de Pudong, arquitectos ocidentais concretizaram os seus sonhos mais loucos. No espaço de cinco anos, cerca de 50 arranha-céus com formas extraordinárias surgiram do dia para a noite. A Torre Jin Mao, com 420 metros de altura, parece um pagode, enquanto novo edifício da bolsa de valores se assemelha a um arco triunfal.

 

O edifício mais estranho da margem oriental é a Torre Pérola, com 468 metros de altura, que suporta as antenas de televisão e que dispõe de centros de entretenimento, restaurantes e um hotel de luxo.

 

Nota:

Alojamento em hotel a partir de cerca de 30 dólares. Hotéis de luxo a partir de 200€.